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Meio Ambiente

Pesquisa expõe vulnerabilidade de Terras Indígenas frente ao desmatamento

A Amazônia abriga 337 TIs oficialmente reconhecidas, cobrindo mais de 107,5 milhões de hectares.

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O relatório Desmatamento em Terras Indígenas na Amazônia e Cerrado – Prodes 2024, divulgado pelo Instituto Socioambiental (ISA), apresenta um panorama atualizado sobre a preservação e os desafios enfrentados pelas Terras Indígenas (TIs) nos dois biomas.

Apesar de desempenharem um papel fundamental na conservação ambiental, essas áreas continuam sob intensa pressão de atividades ilegais e atrasos nos processos de demarcação.

Entre agosto de 2023 e julho de 2024, o desmatamento na Amazônia caiu 30,6% em relação ao período anterior, a maior redução percentual em 15 anos.

No Cerrado, houve uma queda de 25,7%, marcando a menor taxa desde 2019. Contudo, a situação das Terras Indígenas é contrastante: enquanto o bioma amazônico registrou estabilidade no desmatamento dessas áreas, o Cerrado apresentou um aumento expressivo de 34,2%, com 10.150 hectares desmatados.

A Amazônia abriga 337 TIs oficialmente reconhecidas, cobrindo mais de 107,5 milhões de hectares, o equivalente a 25,4% do bioma. Dentro dessas terras, apenas 1,74% da vegetação original foi desmatada até 2024, em contraste com os 27% perdidos em áreas fora das TIs.

Entre as Terras Indígenas mais afetadas, destacam-se a TI Sararé (MT), que registrou um aumento de 520% no desmatamento em relação a 2023, e a TI Cachoeira Seca (PA), impactada pela presença de ocupantes ilegais e pelo avanço do garimpo.

Na TI Andirá-Marau (PA/AM), o desmatamento cresceu 795%, associado a queimadas que devastaram quase 10 mil hectares de floresta entre agosto e dezembro de 2023.

No Cerrado, que já perdeu 52,2% de sua vegetação original, as Terras Indígenas enfrentam maior fragilidade. Das 120 TIs mapeadas, 79% do desmatamento ocorreu em áreas sem demarcação concluída.

A TI Porquinhos dos Canela-Apanyekrá (MA) foi a mais desmatada em 2024, com perda de 5.876 hectares, representando 58% do total desmatado em TIs no bioma.

A TI Wedezé (MT), território do povo Xavante, registrou um aumento de 979% no desmatamento em relação a 2023. O avanço da agropecuária é apontado como um dos principais fatores de pressão, com dados indicando mais de 13 mil hectares de lavouras mecanizadas dentro da TI.

O relatório apresenta o papel estratégico das Terras Indígenas na conservação ambiental, mas indica a necessidade de avanços nos processos de demarcação para garantir maior proteção.

“A delimitação por si só não é suficiente para conter ocupações ilegais. A homologação plena é essencial para assegurar a integridade desses territórios”, afirmou Tiago Moreira dos Santos, antropólogo do ISA.

Além da proteção ambiental, relatório alerta que as TIs são fundamentais para preservar a sociobiodiversidade e os direitos dos povos indígenas, no entanto, a falta de regularização contribui para o avanço de atividades ilegais, como garimpo, queimadas e pecuária irregular, comprometendo a integridade desses territórios e ampliando os impactos ambientais em escala regional.



Fonte: RealTime1

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