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A capital do Amazonas é considerada o coração da maior floresta tropical do mundo. Manaus, entretanto, enfrenta um paradoxo: a cobertura vegetal urbana da cidade não reflete a riqueza ambiental da Amazônia que a cerca.
Os dados sobre a arborização urbana de Manaus, obtidos no Censo Demográfico de 2010, posicionaram a cidade como a terceira capital menos arborizada do país na época.
De acordo com dados do MapBiomas, apenas 3% da extensão territorial de Manaus é ocupada por vegetação urbana, totalizando cerca de 2.818 hectares.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda ao menos 12 metros quadrados de área verde por habitante.
Com uma população de aproximadamente 2,2 milhões de habitantes, a cidade deveria possuir pelo menos 26,4 milhões de metros quadrados (ou 2.640 hectares) de áreas verdes para atender a essa recomendação.
Portanto, embora Manaus tenha uma cobertura de vegetação urbana considerável em termos absolutos, ela ainda está aquém da recomendação da OMS em relação à área verde per capita.
Crescimento desordenado e o impacto na cobertura vegetal de Manaus
Estudos apontam que o índice ideal de arborização para áreas urbanas em Manaus deveria estar entre 35% e 40%, número que contrasta com os atuais 22,1% registrados em 2023.
Para efeito de comparação, em 2003, esse índice era de 28,8%, evidenciando uma redução significativa na cobertura vegetal ao longo das últimas duas décadas.
A “mancha urbana” de Manaus, que corresponde à área habitacionalmente ocupada, abrange aproximadamente 500 km² dentro do município.
Manaus, com uma extensão territorial total de 11.401 km² e aproximadamente 13 mil logradouros públicos (ruas, becos, avenidas e afins), registrou um crescimento urbano significativo nas últimas cinco décadas, mas sem a implementação de um planejamento eficaz que integrasse a preservação ambiental e a arborização urbana.
O resultado é uma cidade marcada pela ausência de áreas verdes públicas significativas, igarapés poluídos, escassez de calçadas arborizadas e uma infraestrutura urbana que ignora o impacto da vegetação sobre a qualidade de vida.
Arborização da cidade é considerada ruim
Uma pesquisa recente, intitulada Perception of Residents in Manaus on the Urban Afforestation, publicada em 2022 no ResearchGate, avaliou a percepção dos habitantes da capital amazonense sobre a arborização urbana.
Conduzido por pesquisadores especializados em sustentabilidade urbana, o trabalho revelou dados preocupantes sobre como os moradores avaliam a presença de áreas verdes e as iniciativas de arborização na cidade.
O estudo apontou que 74% dos participantes classificaram a arborização de Manaus como ruim ou muito ruim, demonstrando uma insatisfação generalizada com a cobertura vegetal na área urbana.
Apenas 3% dos entrevistados consideraram a arborização muito boa, enquanto o restante apresentou avaliações intermediárias, como regular ou boa.
Os principais motivos da insatisfação quanto à arborização:
- Falta de manutenção adequada: Muitas áreas arborizadas sofrem com a ausência de cuidados regulares, como poda, irrigação e limpeza, o que compromete sua funcionalidade e estética.
- Interferência nas infraestruturas urbanas: As árvores, em alguns casos, prejudicam calçadas, postes de energia e redes elétricas devido à falta de planejamento no plantio.
- Baixa percepção de investimentos públicos: Apesar dos projetos de arborização implementados ao longo das administrações municipais, a maioria da população não percebe os resultados dessas iniciativas, o que reforça o sentimento de insatisfação.
A ausência de uma política robusta de preservação agrava problemas como ilhas de calor, desconforto térmico e a diminuição da qualidade do ar.
“Toldos Vegetais”: solução criativa para arborização de espaços urbanos
Em Valladolid, cidade da Espanha, o projeto Green Shades está transformando espaços urbanos com uma solução inovadora que purifica o ar, reduz a temperatura e revitaliza áreas movimentadas.
São “toldos vegetais” que, além de gerar sombra, também purificam o ar, absorvendo CO2.
Essa solução, uma das primeiras do mundo, nasceu do Urban GreenUp, um projeto europeu que reuniu parceiros de nove nacionalidades diferentes com o objetivo de reduzir os efeitos climáticos, melhorar a qualidade do ar e da água e tornar as cidades mais sustentáveis.
O diferencial é que eles se adaptam a várias formas e são ideais para ruas comerciais, terraços e praças, especialmente onde a falta de espaço impede o plantio de árvores.
Esses toldos não só refrescam e absorvem a poluição sonora, como também regulam a temperatura e a umidade, reduzindo a temperatura em até 2 graus.
Fonte: RealTime1
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