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O laudo que reúne análises feitas após a exumação do corpo da estudante Fernanda Cabral, de 22 anos, indicou que ela foi mesmo vítima de envenenamento. A suspeita de ter cometido o crime é a madrasta dela, Cíntia Mariano, que foi presa depois de, segundo a polícia, ter tentado intoxicar propositalmente o irmão de Fernanda, Bruno Cabral, de 16 anos.
A análise, feita pelo Instituto Médico Legal do Rio de Janeiro, já está na mão do delegado Flávio Rodrigues, titular da 33ª DP (Realengo) que conduz a investigação pela morte de Fernanda e por homicídio tentado contra o irmão dela.
“Recebi o laudo, sim, mas só vou falar sobre isso no final da semana. Ele não deu positivo, nem negativo, mas aponta para o envenamento sim”, disse o delegado ao g1.
De acordo com uma fonte ouvida pelo g1, o laudo da exumação contém duas análises: uma toxicológica, feita pelo laboratório da UFRJ, e outra com o cruzamento de dados obtidos no hospital que atendeu Fernanda.
O laudo laboratorial foi inconclusivo, o que já era esperado, visto que a estudante ficou internada por 13 dias, mas as análises dos dados médicos feitas pelo IML indicam que houve, sim, o envenenamento.
O prontuário médico de Fernanda Cabral no hospital Albert Schweitzer já apontava que ela tinha sido vítima de intoxicação exógena produzida por algum inibidor da enzima acetilcolinesterase, fundamental para a propagação do impulso nervoso.
Esse tipo de inibição é produzida por carbamatos (popularmente conhecido como chumbinho) e pesticidas, e levam a chamada síndrome colinérgica com alterações do estado mental, fraqueza muscular e atividade secretória excessiva. Sintomas manifestados por Fernanda e Bruno quando deram entrada no hospital.
Cíntia Mariano: solícita e oferecendo feijão fresquinho — Foto: Reprodução
Laudo de irmão também apontou envenenamento
Essa é a segunda confirmação contra Cintia Mariano esta semana. Um laudo complementar do IML também identificou uma intoxicação por compostos carbofurano e terbufós no material gástrico de Bruno Carvalho Cabral, de 16 anos, que passou mal após comer feijão preparado pela madrasta.
Uma primeira parte do documento já havia detectado a presença de carbamatos, presente no veneno popularmente conhecido como chumbinho no dia 10 de junho.
O laudo serviu de base para a Justiça prorrogar a prisão temporária de Cintia Mariano por mais 30 dias.
O documento diz ainda que “caso a vítima não tivesse sido submetida a tratamento imediato, como ocorreu, provavelmente teria evoluído para o óbito”.
Bruno Cabral: exames após suposto envenenamento e intubação — Foto: Reprodução/Rede social
O caso
As suspeitas sobre a morte de Fernanda Cabral – cuja morte foi atestada como sendo por causas naturais – , só surgiram quando o irmão dela, Bruno, de 16 anos, começou a passar mal depois de um almoço na casa da madrasta, no dia 15 de maio.
No local, ele reclamou de ter recebido um feijão amargo e com algumas pedrinhas azuis. Em casa, com mãe, e já se sentindo mal, reclamou e falou sobre o alimento.
Madrasta (à esquerda) é suspeita de envenenar a enteada (à direita) — Foto: Arquivo Pessoal
No hospital, Bruno foi submetido a uma lavagem estomacal e a um exame de sangue que detectou níveis altos de chumbo em seu sangue.
Com a suspeita de que os filhos foram envenenados, Jane Carvalho Cabral, mãe dos jovens, registrou queixa na 33ª DP, em Realengo, que iniciou buscas na casa da madrasta.
“Ele já veio de lá com uma ansiedade, bem preocupado e achando que tinha acontecido algo estranho porque quando reclamou do feijão amargo de pedrinhas azuis, ela arrancou o prato da mão dele, colocando mais feijão e entregando pra ele depois. Quando ele veio pra cá, veio perguntando como fazia pra vomitar. Mais ou menos uns 40 minutos depois, começou todo o desespero que foi o que a Fernanda sentiu. Na mesma hora eu imaginei que o gosto amargo desse feijão poderia ser o suposto veneno”, contou a mãe dos jovens.
Madrasta tentou se matar
Com a denúncia do caso, investigadores foram até a casa de Cíntia e recolheram o feijão para análise, mas antes do resultado do exame, na quinta-feira (19), a madrasta tentou se matar.
Ela foi levada para o hospital, se recuperou e, na sexta-feira(20), foi levada para a 33ª DP para prestar depoimento, quando teve sua prisão decretada.
Cíntia Mariano está presa no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste.
Foto: Reprodução/Redes sociais
Fonte: g1 Rio
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