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O esforço dos aliados de Jair Bolsonaro para convencer Michelle a participar mais ativamente da campanha à reeleição ganhou uma aliada de última hora, que parece ter mais influência sobre a primeira-dama do que o próprio presidente da República: a ex-ministra Damares Alves.
Damares, que foi ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos e se licenciou para disputar as eleições, é pastora da igreja Batista, mesma denominação evangélica de Michele, e amiga próxima da mulher de Bolsonaro.
Ela foi acionada pelo núcleo político da campanha, que tem fracassado na tentativa de incluir Michelle nas atividades e eventos e a gravar vídeos que possam ser usados para ajudar a atenuar a rejeição do eleitorado feminino ao presidente da República.
Apesar dos apelos dos marqueteiros, Michele vem se recusando a participar. Na última quarta-feira, por exemplo, Bolsonaro se encontrou com 5 mil mulheres evangélicas da Assembleia de Deus em Imperatriz (MA), mas a primeira-dama não estava presente. O presidente estava acompanhado apenas de políticos de sua base, pastores e pastoras.
A resistência de Michelle provoca tamanho desconforto no entorno de Bolsonaro que eles se recusam a comentá-lo. Mesmo em conversas reservadas, políticos e assessores evitam elaborar sobre o porquê dessa atitude.
Desde ontem, porém, há uma discreta comemoração no núcleo político da campanha. Depois de uma conversa com Michelle, a ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos sinalizou aos caciques do Centrão que ela topou se envolver mais daqui por diante.
Segundo os relatos dessas lideranças, a primeira-dama teria se sensibilizado com a ideia de ser uma porta-voz do presidente junto às mulheres, especialmente as evangélicas.
O dado extraído das pesquisas qualitativas de que Michelle é vista como uma mulher reservada e de origem humilde – o que pode ajudar a melhorar a imagem de Bolsonaro junto às mulheres mais pobres – também teria ajudado a convencer a primeira-dama, segundo os aliados.
As pesquisas de opinião mostram que a rejeição de Bolsonaro no eleitorado feminino, é de cerca de 60%. Considerando que as mulheres são a maior parte do eleitorado, reduzir esse índice é fundamental para o presidente ter chances de vitória.
Nos últimos dias, Bolsonaro tem dado seguidas demonstrações de que se preocupa com esse assunto. Na quarta-feira, ao questionar os dados sobre a sua rejeição entre as mulheres, o presidente declarou que a “eleitora não está procurando um casamento, está procurando um presidente”.
O aceno de Michelle, porém, ainda é visto com cautela, uma vez que, no passado, ela já deu sinais de que se engajaria mais na política e acabou se distanciando novamente.
Na posse de Jair Bolsonaro, em 2019, Michelle quebrou o protocolo e roubou a cena discursando em libras no parlatório do Palácio do Planalto antes do discurso do marido.
Depois, sua projeção pública diminuiu gradativamente. Foram poucas as exceções em que ela se manifestou sobre algum assunto, em geral quando abordada por jornalistas ou registrada em ocasiões privadas.
Foi o caso, por exemplo, de quando ela foi filmada durante uma manifestação religiosa, celebrando a aprovação pelo Senado da indicação de André Mendonça para o Supremo.
Recentemente, em março, saiu em defesa do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro – também ele pastor evangélico – que saiu do cargo em meio a denúncias de tráfico de influência para a liberação de verbas no MEC. Ribeiro foi preso no mês passado em uma ação da Polícia Federal.
A última aparição pública de Michelle ao lado de Bolsonaro foi durante uma entrevista do presidente ao apresentador Sikêra Jr., da Rede TV!. Na ocasião, ela repetiu uma expressão já usada diversas vezes pelo presidente e disse que ao apresentador que Bolsonaro era “imbrochável, incomível e imorrível (sic)”.
Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo
Fonte: O Globo
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