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Caracas, Venezuela – Em uma declaração polêmica transmitida pela televisão estatal venezuelana, o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, acusou o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente chileno Gabriel Boric de serem “agentes da CIA”, alegando que ambos foram cooptados pelo governo dos Estados Unidos para representarem interesses americanos na América Latina.
Segundo Saab, Lula teria sido “cooptado” enquanto esteve preso no Brasil, e agora estaria atuando como porta-voz dos EUA em questões envolvendo a Venezuela. Saab, um aliado próximo do governo chavista, fez essas afirmações no contexto de críticas ao posicionamento de Lula em relação às eleições presidenciais venezuelanas, nas quais o presidente Nicolás Maduro foi reeleito sob acusações de fraude eleitoral.
— Quem é o porta-voz que eles colocam dizendo as coisas mais bárbaras contra nosso país através dessa chamada ‘esquerda’? O senhor Boric, que agora está acompanhado por Lula. Para mim, Lula foi cooptado na prisão. Essa é a minha teoria — disse Saab, sem apresentar provas que sustentassem a acusação.
Saab ainda comentou que Lula “não é o mesmo que saiu da prisão”, referindo-se à postura do presidente brasileiro em relação à Venezuela. Recentemente, Lula pediu que o governo venezuelano divulgue as atas das eleições presidenciais para que a vitória de Maduro possa ser reconhecida. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) proclamou Maduro como vencedor com 51,9% dos votos, uma eleição que foi amplamente contestada pela oposição e pela comunidade internacional.
Posição de Boric e resposta de Lula
O presidente chileno, Gabriel Boric, também foi alvo das acusações de Saab. Boric é um dos líderes da América Latina mais críticos ao governo de Maduro, tendo afirmado publicamente que a Venezuela é uma ditadura que manipula eleições. Ele chegou a comparar o regime de Maduro com o da Síria em meio à guerra civil.
Lula, por sua vez, tem adotado uma postura mais cautelosa, pedindo por transparência no processo eleitoral venezuelano, mas sem reconhecer claramente a vitória da oposição ou de Maduro. Em entrevista recente, Lula comentou que “não aceita nem a vitória dele [Maduro] nem da oposição” até que as provas sobre o resultado sejam apresentadas.
— A oposição fala que ganhou, ele [Maduro] fala que ganhou, mas não tem prova. Estamos exigindo a prova. Ele tem direito de não gostar. Eu falei que era importante convocar novas eleições — disse Lula.
Sem provas de ligação com a CIA
As acusações de Saab contra Lula e Boric, no entanto, não foram acompanhadas de evidências concretas que sustentassem a alegada ligação com a CIA, agência de inteligência dos Estados Unidos. O presidente brasileiro, desde sua saída da prisão e retorno à vida política, não demonstrou qualquer indício de associação com o governo americano.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Comunicação da Presidência da República do Brasil, mas ainda não obteve resposta oficial sobre as declarações do procurador-geral venezuelano. A matéria será atualizada assim que houver um posicionamento.
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