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Sexo entre homens transmite mais varíola de macaco que contato de pele, concluem estudos

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Apesar de um foco inicial na transmissão por fluidos corporais como saliva e contato de pele desde o início do surto em maio, está cada vez mais claro que o carro chefe da transmissão da varíola símia é o sexo entre homens.

A primeira sugestão mais rigorosa disso foi feita em julho por um artigo na revista médica NEJM, que descobriu que 98% dos infectados (em amostra de mais de 500 em 16 países) eram homens gays ou bissexuais. Porém, a revista não avaliou diretamente que o modo de transmissão era o sexo, embora os autores tenham manifestado suspeitas de que assim acontecia em 95% dos casos. Eles encontraram o ortopoxvírus da varíola de macaco no líquido seminal de um pequeno grupo de homens.

Este mês, outro artigo a respeito foi publicado na revista médica The Lancet. A amostra foi menor (181 pacientes espanhóis), mas os autores foram mais minuciosos nas entrevistas e na avaliação da carga viral por área do corpo. Chama a atenção que nenhum dos pacientes viajou para regiões endêmicas em que o vírus circula em animais silvestres. Nenhum dos pacientes tinha um histórico que não fosse compatível com atividade sexual de risco, e foram encontradas lesões específicas associadas ao sexo anal ou oral receptivo. A maioria tem erupções da pele causadas pelo vírus concentradas em áreas genitais, orais e anais.

Um terceiro artigo na revista médica BMJ, com quase 200 pacientes em Londres, confirma o padrão: a esmagadora maioria é de homens que fazem sexo com homens, e as lesões que transmitem o vírus foram mais concentradas na área genital e perianal.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, três quartos dos casos globais de varíola de macaco são de homens entre 18 e 44 anos. Essa faixa etária é típica para outras doenças sexualmente transmitidas entre homens gays e bissexuais. Além disso, quase um terço dos casos são co-ocorrências com infecções sexualmente transmitidas “clássicas”. As lesões anogenitais e orais, que são mais de 70% das lesões, pode refletir não uma preferência do vírus, mas os locais em que ele primeiro entrou em cada organismo. Políticas de saúde pública para conter o surto ainda não foram atualizadas de acordo com essas evidências.

Foto: EFE / EPA / ETIENNE LAURENT
*Gazeta do Povo

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