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Polícia confirma autenticidade de conversa em que médica admite erro ao prescrever adrenalina em Benício Xavier

Caso Benício: conversa entre médicos — Foto: Reprodução

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Mensagens, que circulam nas redes sociais, mostram a médica pedindo urgência a um colega, identificado como Enryko Garcia de Carvalho Queiroz, durante o atendimento.

A Polícia Civil do Amazonas confirmou, nesta segunda-feira (1º), a autenticidade das conversas atribuídas à médica Juliana Brasil Santos, nas quais ela admite ter errado ao prescrever adrenalina para Benício Xavier, de 6 anos. As mensagens, que circulam nas redes sociais, mostram a médica pedindo urgência a um colega durante o atendimento.

Benício morreu após receber uma dosagem incorreta de adrenalina durante atendimento entre 23 e 24 de novembro, em um hospital particular. A médica também admitiu o erro em documento enviado à polícia. O caso é investigado pela Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) e pelo Ministério Público do Amazonas (MP-AM).

 

O delegado Marcelo Martins, titular do 24º Distrito Integrado de Polícia (DIP), informou que a veracidade das mensagens foi confirmada pelo médico Enryko Garcia de Carvalho Queiroz, que prestou depoimento nesta segunda-feira.

“O doutor Enryko foi intimado no domingo e se colocou à disposição para comparecer aqui hoje, confirmar a veracidade e também o contexto em que essas mensagens foram trocadas ali naquela conversação”, explicou Martins.

Nas mensagens, é possível ver a médica Juliana Brasil Santos pedindo ajuda após Benício passar mal. Em um trecho, ela escreve: “Pelo amor de Deus. Eu errei a prescrição. Me ajuda”.

Em outro trecho, ela envia uma foto do monitor cardíaco e diz estar em “desespero”. Logo depois, pede um código para solicitar leito de UTI.

“Juliana está em todas as mesas do consultório. Assume o paciente na tela. Não lembro de cabeça”, responde o profissional.
Caso Benício: conversa entre médicos — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Caso Benício: conversa entre médicos — Foto: Reprodução/Redes Sociais

 

Após a divulgação dos prints nas redes sociais, o g1 procurou o hospital para saber se iria se manifestar. A instituição informou que, como o caso está sob responsabilidade das autoridades policiais, não irá comentar por enquanto.

g1 também buscou contato com o médico citado nas mensagens, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

Médica reconhece erro

Caso Benício: médica e técnica de enfermagem prestam depoimento em Manaus

Em um documento enviado à Polícia Civil do Amazonas, a Juliana Brasil Santos reconheceu que errou ao prescrever adrenalina para Benício Xavier. O relato faz parte do relatório interno do hospital, ao qual a Rede Amazônica teve acesso com exclusividade.

 

Segundo o documento, a médica afirmou ter informado à mãe da criança que a medicação deveria ser administrada por via oral. Ela disse também ter se surpreendido com o fato de a equipe de enfermagem não questionar a prescrição registrada por ela.

Outro relatório, elaborado pela UTI Pediátrica, confirma que Benício deu entrada no setor após a “administração errônea de adrenalina na veia”. O documento descreve que o menino apresentou taquicardia, palidez e dificuldade para respirar. Também aponta um quadro de “infecção por drogas que afetam o sistema nervoso”.

Hospital Santa Júlia afastou a médica e a técnica de enfermagem envolvidas.

Na manhã de sexta-feira (28), Juliana Brasil e a técnica de enfermagem Raiza Bentes prestaram depoimento. Elas entraram na unidade com os rostos cobertos.

O delegado Marcelo Martins chegou a pedir a prisão preventiva da médica. Para a polícia, a criança foi vítima de homicídio doloso qualificado. A investigação, que já colheu depoimentos e analisou prontuários, avalia a possibilidade de que o episódio seja tratado como homicídio doloso qualificado pela crueldade.

No entanto, o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) concedeu um habeas corpus preventivo à médica, impedindo que ela seja presa durante a investigação que apura a morte de Benício.

 

O delegado informou que uma acareação entre a médica e a técnica de enfermagem está marcada para esta quinta-feira (4), com o objetivo de esclarecer contradições entre os depoimentos colhidos até agora.

O caso

Benício Xavier de Freitas, de 6 anos, faleceu em hospital de Manaus. — Foto: Arquivo pessoal
Benício Xavier de Freitas, de 6 anos, faleceu em hospital de Manaus. — Foto: Arquivo pessoal

Benício foi levado ao Hospital Santa Júlia, no dia 22 de novembro, com tosse seca e suspeita de laringite, após apresentar dois episódios de febre.

A família disse que a criança foi atendida por uma médica, que prescreveu lavagem nasal, soro, xarope e três doses de adrenalina intravenosa de 3 ml a cada 30 minutos. A aplicação foi feita por uma técnica de enfermagem de plantão.

“Meu filho nunca tinha tomado adrenalina pela veia, só por nebulização. Nós perguntamos, e a técnica disse que também nunca tinha aplicado por via intravenosa. Falou que estava na prescrição e que ela ia fazer”, relatou o pai.

Segundo os pais, Benício apresentou uma piora súbita: ficou pálido, com membros arroxeados e relatou que “o coração estava queimando”. A saturação de oxigênio caiu para cerca de 75%. Ele foi levado para a sala vermelha e, em seguida, intubado na UTI, por volta das 23h.

Segundo o pai, a intubação provocou as primeiras paradas cardíacas. O menino sofreu seis paradas consecutivas, todas com tentativas de reanimação. A última foi fatal. Benício morreu às 2h55 do dia 23 de novembro.

 

Fonte: G1

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