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Pesquisadores descobrem rochas de plástico no arquipélago quase inabitado mais distante do litoral brasileiro

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Cientistas e pesquisadores identificaram rochas que estão sendo formadas por plástico na Ilha da Trindade, um paraíso quase inabitado que fica a 1.140 quilômetros de Vitória, no Espírito Santo, e é a ilha brasileira mais distante do continente. O acesso à ilha é controlado e restringido pela Marinha, o que mostra que a ação do homem começou a influenciar processos que antes eram considerados essencialmente naturais, como a formação de rochas.

No estudo, que é inédito no Brasil, os cientistas buscam entender a relação entre o homem e o meio em que vive, como as ações humanas transformam o meio ambiente e o impacto disso para as próximas gerações.

A pesquisa foi feita pela doutoranda do programa de pós-graduação em Geologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Fernanda Avelar.

Ilha da Trindade — Foto: Daniele Venturini

Ilha da Trindade — Foto: Daniele Venturini

A pesquisadora fazia um projeto de estudos costeiros nas ilhas oceânicas brasileiras desde 2017. E em 2019 ela foi até a Ilha da Trindade para fazer coleta de rochas quando se deparou com o material.

“Fiquei uns dois meses na ilha realizando a coleta. Um dia quando fui até o parcel [recife próximo à superfície] das tartarugas, uma região conhecida por ser a maior área de desova de tartaruga-verde no país, encontrei sedimentos esverdeados nas pedras próximas a praia. Realizei a coleta e depois levei para o laboratório para estudar e entender o que era esse material”, contou Fernanda.

Após a análise, a geóloga identificou que o que estava atrelado as rochas era plástico, mais especificamente corda de pesca. O material é formado por pedaços jogado no mar, que são levados até a ilha pela ação das correntes marinhas.

Rochas de plástico se formaram na Ilha da Trindade — Foto: Fernanda Avelar Santos

Rochas de plástico se formaram na Ilha da Trindade — Foto: Fernanda Avelar Santos

Formação das rochas

A pesquisadora explicou então que, a partir disso, foi possível identificar que as rochas antes só compostas por substâncias naturais como mineiras, estavam sendo geradas pela poluição marinha, compostas principalmente por plástico.

“É fácil reconhecer uma rocha gerada a partir da ação do homem. É só identificar materiais visualmente artificiais, como o plástico, que é um material do nosso cotidiano de fácil reconhecimento visual. As ocorrências encontradas na Ilha da Trindade são compostos por materiais naturais (minerais, conchas, fragmentos de rochas) e materiais plásticos (não-naturais)”, disse a geóloga.

De acordo com o resultado do estudo, o material de corda de pesca se formou na rocha e se fixou na superfície da praia.

O plástico se fixou onde havia rocha e areia e se incorporou na parte de cima da superfície. Com isso, conglomerados foram formados, ficando difícil, até quase impossível de tirar o plástico da rocha, o que mostra que são detritos plásticos com aparência de rocha.

Pesquisadora descobriu que rochas são compostas por nylon de rede de pesca. — Foto: Reprodução/ Fernanda Avelar Santos

Pesquisadora descobriu que rochas são compostas por nylon de rede de pesca. — Foto: Reprodução/ Fernanda Avelar Santos

A maioria do material coletado por Fernanda tem uma idade de poucos anos, com no máximo 1 ou 2 décadas.

O que também chamou a atenção da pesquisadora é que o processo da formação da rocha a partir da poluição marinha é rápido.

*g1

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