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PCC: como facção usa frota de aviões para transportar drogas

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São Paulo — Investigações conduzidas pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) e pela Polícia Federal (PF) revelam detalhes dos investimentos e da operação do Primeiro Comando da Capital (PCC) com uma frota própria de aviões usada para transportar drogas pelo país.

A aquisição das aeronaves, chamadas de “Asa” ou “Chapeco” pelos integrantes da facção criminosa, consta em uma tabela de gastos apreendida pelo MPSP com Odair Lopes Mazzi Júnior, o Dezinho, de 42 anos, um dos chefões do PCC que foi preso no último dia 11, em um condomínio de luxo de Pernambuco.

 

Além da compra dos aviões, as tabelas apreendidas pelo MPSP com Dezinho indicam que, em pouco mais de um ano, o PCC gastou US$ 925,8 mil (R$ 4,4 milhões) com manutenção de aeronaves.

Como a atuação do PCC é capilarizada em todo o país, ainda não é possível estimar o tamanho atual da frota aérea da facção. Em uma única operação realizada em 2021, a PF apreendeu oito aviões da organização.

Operação aérea

Investigações da PF mostram que, além de contar com frota aérea própria, o PCC também transporta cocaína usando “laranjas” no ramo da aviação. As rotas mais utilizadas nos deslocamentos aéreos, com aviões cheios de pasta base de cocaína, são entre a Bolívia e o Paraguai, para, em seguida, chegar até o Brasil.

Os aviões costumam pousar em pistas clandestinas, feitas em áreas rurais. Há casos em que a droga é arremessada em pleno voo, para ser recolhida em pontos pré-determinados.

As investigações ainda mostram que, na mão do PCC, já em solo brasileiro, a cocaína é refinada e revendida. Após ser misturada com outros produtos, um quilo de pasta base pode render até cinco de cocaína em pó.

Parte dos tijolos com a cocaína pura são encaminhados para fora do Brasil, por via marítima ou oculta em bagagens despachadas por aeroportos, como mostrou o Metrópoles.

O promotor de Justiça Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Presidente Prudente, no interior paulista, afirma ao Metrópoles que o PCC usa aviões de pequeno porte, voando em baixas altitudes, para dificultar sua localização.

Gakiya, que investiga o PCC há quase 20 anos e foi alvo, recentemente, de um plano de execução da facção, diz ainda que, por voarem de forma irregular, alguns dos aviões acabam caindo. Nessas ocasiões, os criminosos tentam salvar a carga, ou ainda destruí-la, geralmente com fogo, para evitar que sejam rastreados pelas autoridades.

Em outros casos, acrescenta o promotor, as aeronaves do crime podem ser interceptadas pela Força Aérea Brasileira (FAB). No início do ano, o Metrópoles mostrou o caso de um avião de pequeno porte perseguido pela FAB, desde a região fronteiriça do Brasil, até pousar em uma plantação de soja, na localidade de Santa Cruz do Rio Pardo, que fica a 346 quilômetros de distância da capital paulista.

No interior da aeronave, a polícia encontrou uma grande quantidade de pasta base de cocaína, condição de maior pureza da droga, valendo por isso mais dinheiro. O piloto do avião conseguiu fugir, de acordo com a PF na ocasião.

Com o tráfico de cocaína como carro-chefe das suas atividades ilícitas, o PCC tem um faturamento anual bilionário. Denúncia do MPSP mostra que, somente em 2019, Dezinho, o chegão da facção que foi preso neste mês, coordenou o envio de R$ 1,2 bilhão do PCC para o Paraguai, através do esquema de “dólar cabo”, conhecida técnica de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

*Metrópoles

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