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Uma menina foi resgatada com vida na Turquia nesta segunda-feira, após passar 178 horas embaixo dos escombros devido ao devastador terremoto do último dia 6. O tremor atingiu também a Síria e deixou 35 mil mortos, segundo o balanço mais recente. Um vídeo mostra o momento em que ela foi retirada dos detritos de um prédio desabado em Adiyaman.
4 yaşındaki Miray depremden 178 saat sonra enkazdan sağ olarak çıkarıldı.
— Türkiye Kömür İşletmeleri Kurumu (@tkikurumsal) February 13, 2023
Son canı kurtarana kadar durmak yok!
?Adıyaman, Bozbey Apartmanı@KIASKomur pic.twitter.com/jCPevSVGa6
A criança foi identificada como Miray, mas não se sabe ainda exatamente sua idade. As primeiras informações indicam que ela tem entre 4 e 6 anos.
De acordo com o jornal Al Jazeera, houve muitos aplausos e gritos de “Allahu Akbar”, que significa “Deus é o maior”. Os socorristas, porém, pediram silêncio em respeito ao estado da menina.
Resgates milagrosos
Acredita-se que a maioria das pessoas possa viver sem água apenas por três a quatro dias, ou 72 a 96 horas. Esta é uma das razões pelas quais resgates após esse período são comumente chamados de “milagres”. E as equipes de emergência conseguiram resgatar mais sobreviventes dos escombros uma semana após o terremoto.
Segundo o Al Jazeera, uma mulher identificada como Naide Umar foi resgatada após ficar 175 horas sob um prédio destruído na província turca de Hatay. Ela recebeu os primeiros socorros no local e então foi levada de ambulância a um hospital.
O mesmo jornal informou que, na madrugada desta segunda-feira, um homem e sua filha foram retirados vivos dos detritos, também na província de Hatay.
Na Síria, um bebê foi retirado com vida dos destroços neste domingo, dia 12, quase uma semana após o terremoto, e foi transportado para um hospital administrado pela Sociedade Médica Sírio-Americana (SAMS) perto do fronteira com a Turquia em Bab al-Hawa, na província de Idlib.
Na Turquia, os casos mais recentes de resgates milagrosos foram uma criança e uma mulher de 62 anos, depois de quase sete dias presos entre os escombros de imóveis que desabaram no terremoto devastador de 6 de fevereiro.
Mustafa, de 7 anos, foi resgatado na província turca de Hatay, enquanto Nafize Yilmaz foi encontrada com vida em Nurdagi, também em Hatay, informou nesta segunda-feira a agência estatal de notícias Anadolu. Ambos passaram 163 horas presos nos escombros antes dos resgates no domingo à noite.
Ainda em Hatay, uma menina síria de 12 anos, identificiada como Cudi, foi encontrada com vida nos escombros.
Também no domingo, membros da Equipe de Busca e Resgate Urbano (USAR) de El Salvador, em conjunto com socorristas turcos, encontraram vivos uma mulher e uma criança, com sinais de hiportemia, que ficaram soterradas por seis dias, em Kahramanmaras. A informação foi divulgada pelo presidente salvadorenho, Nayib Bukele, em comunicado.
Mais de 32 mil pessoas de organizações locais trabalham nos esforços de busca e resgate, ao lado de 8.294 voluntários do exterior, informou a Autoridade de Gestão de Desastres e Emergências (AFAD).
Um integrante de uma equipe britânica de resgate publicou no domingo no Twitter um vídeo que mostra um voluntário descendo por um túnel aberto nos escombros em Hatay, onde ele encontrou um turco que permaneceu preso por cinco dias entre a destruição.
As equipes trabalham contra o tempo, pois os especialistas advertem que a possibilidade de encontrar pessoas com vida diminui a cada dia.
Diante da amplitude da tragédia, os resgates de sobreviventes impressionam, a exemplo de um bebê de 10 dias, chamado Yagiz Ulas, que foi salvo junto com sua mãe depois de terem ficado embaixo dos detritos de um prédio por 90 horas. O episódio também ocorreu em Hatay.
Outro caso registrado em Hatay foi na cidade de Kirikhan, onde uma mulher de 40 anos foi resgatada depois de mais de 100 horas embaixo de sua casa destruída. Ela foi salva pela equipe de uma ONG alemã, que divulgou o feito no Twitter.
“A equipe de resgate trabalhou mais de 50 horas para abrir caminho entre os escombros e alcançar a mulher”, informou a organização, acrescentando que o estado de saúde dela está estável.
Na cidade turca destruída de Kahramanmaras, próxima ao epicentro do terremoto, os voluntários cavaram entre montanhas de escombros e encontraram um corpo.
Mas as equipes de resgate reclamam da falta de sensores e equipamentos de busca avançados, o que significa que precisam cavar de maneira cuidadosamente entre os escombros com pás ou com as mãos.
“Se tivéssemos este tipo de equipamento, nós teríamos salvado centenas de vidas, ou mais”, disse Alaa Moubarak, chefe da Defesa Civil em Jableh, no noroeste da Síria.
Falta ajuda na Síria
A ONU denunciou que não foi enviada toda a ajuda a Síria necessita de maneira desesperada.
Um comboio com suprimentos para o noroeste da Síria chegou via Turquia, mas o diretor de de emergências da ONU, Martin Griffiths, destacou que muito mais é necessário para milhões de pessoas que tiveram suas casas destruídas.
“Até agora falhamos com as pessoas do noroeste da Síria. Elas se sentem abandonadas. Buscam a ajuda internacional que não chega”, afirmou Griffiths no Twitter.
Ao avaliar os danos no sábado no sul da Turquia, quando o balanço era de 28.000 mortos, Griffiths disse que o número poderia “dobrar ou ainda mais”, porque a possibilidade de encontrar sobreviventes é cada vez menor.
A ajuda demorou a chegar à Síria, um país que enfrenta anos de guerra civil, um conflito que destruiu seu sistema de saúde. Algumas partes do país permanecem sob controle de rebeldes que lutam contra o o governo do presidente Bashar al Assad.
Um comboio de 10 caminhões da ONU entrou no noroeste da Síria pela passagem de fronteira de Bab al Hawa, segundo um correspondente da AFP.
Bab al Hawa é o único ponto através do qual a ajuda internacional pode entrar em áreas da Síria sob controle rebelde após quase 12 anos de guerra civil. Outros pontos foram fechados por pressão da China e da Rússia.
O diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, se reuniu no domingo com Assad em Damasco e disse que o presidente sírio afirmou estar disposto a abrir mais passagens de fronteira para permitir a entrada de ajuda nas zonas sob controle dos rebeldes.
Conflito, covid, cólera
“As crises combinadas de conflito, covid, cólera, declínio econômico e, agora, o terremoto, têm um custo insuportável”, afirmou Tedros depois de visitar a cidade síria de Aleppo.
Damasco aprovou a entrada dos comboios de ajuda a partir de áreas sob controle do governo, mas Tedros disse que a OMS aguarda a autorização das áreas controladas por rebeldes para entrar em algumas regiões.
Assad espera mais “cooperação eficiente” com a agência da ONU para solucionar a falta de suprimentos, equipamentos e remédios, indicou a presidência síria.
Mas as preocupações de segurança na Turquia provocaram a suspensão de algumas operações de resgate. Muitas pessoas foram detidas por saques e por tentativas de fraudar as vítimas do terremoto, segundo a imprensa estatal.
Uma organização israelense de emergências anunciou no domingo que suspende as tarefas de resgate na Turquia por uma “significativa” ameaça para a segurança de sua equipe.
Irritação com resposta governamental na Turquia
Na Turquia aumenta a irritação com a qualidade ruim dos edifícios e com a resposta governamental ao maior desastre em quase um século no país.
Um total de 12.141 edifícios desabaram ou ficaram gravemente danificados no país.
Dez pessoas foram detidas como parte das investigações, incluindo duas que tentaram fugira para a Geórgia.
*EXTRA
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