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Inadimplência atinge mais de 53% da população adulta do Amazonas

O crescente endividamento da população amazonense se deve, segundo a Serasa, ao uso recorrente do cartão do crédito (Foto: Agência Brasil)

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Dados divulgados pela Serasa mostra que, no Estado, 1,5 milhão de CPFs apresenta contas em atraso

O Estado do Amazonas possui atualmente 53,8% de sua população adulta em situação de inadimplência, quando uma pessoa deixa de pagar uma conta ou fatura dentro do prazo de vencimento. Segundo dados da Serasa Experian, o índice é quase nove pontos acima da média nacional de inadimplentes: 45,9% da população brasileira possui débitos em atraso.

O consolidado até esse fim de semana mostra que o Amazonas concentra 1,5 milhão de CPFs com contas atrasadas e que o total somado das dívidas no estado é de R$ 7,8 bilhões. O endividamento médio dos consumidores locais chega a R$ 4,9 mil e a faixa etária dos que mais devem é ade 26 a 40 anos, compondo 35,9% dos amazonenses endividados.

Um dado destacado pela instituição é de que desses 1,5 milhão, 562 mil consumidores do Amazonas têm dívidas disponíveis para negociação com descontos que as colocam abaixo de R$ 100. O especialista em educação financeira da Serasa, Wesley Silva, destacou que esse crescente endividamento ocorre principalmente pelo uso de cartão de crédito. 

Segundo ele, mais de 57% das pessoas usam o cartão para fazer compras de supermercado, além de dívidas antigas e financiamentos pesarem no orçamento, o que fez a empresa realizar mais uma edição do Feirão Limpa Nome.

“O Feirão vai até o final desse mês e as pessoas podem ir tanto nos Correios ou no on-line para fazer a negociação. Tem que aproveitar essas oportunidades únicas para poder reduzir esse número. A gente está oferecendo os melhores meios de condições possíveis para reduzir e aí o Amazonas voltar a ter, pelo menos, o número da média [de endividados]”, disse.

Os dados coletados pela empresa, segundo o especialista, mostram que o número de inadimplentes voltou a subir em janeiro após uma ligeira queda em dezembro de 2024. A frequência da inadimplência é outra situação que preocupa as instituições e os próprios amazonenses.

Acúmulo de dívidas

À reportagem, duas moradoras da cidade de Manaus, que preferiram não se identificarem, relataram que todo mês penam para pagar as contas, que muitas vezes são quitadas fora do prazo correto. Uma delas é microempreendedora individual (MEI) e mora no bairro Cidade Nova, que destacou que as dívidas aumentaram muito principalmente após a pandemia de Covid-19.

“Depois da pandemia, dívidas se acumularam, processos judiciais contra mim por ser MEI, Afeam precisando ser renegociada, além de dívidas em bancos como Bradesco e Banco do Brasil. Mal consigo sobreviver a esse caos”, lamentou.

Questionada se já havia utilizado algum sistema de renegociação, a mulher confirmou, mas que mesmo assim não conseguiu pagar por ter dívidas maiores acumuladas. Outra moradora, servidora pública aposentada do bairro Praça 14 de Janeiro, reclamou que “todo mês é a mesma agonia para pagar as contas, porque o salário é apertado”.

“A gente já tem que pagar um monte de imposto e ainda tem as contas. Todo mês é agonia, é sofrimento, ansiedade para saber se vai pagar ou não, se vai sobrar dinheiro ou não. Porque nunca sobra, você sempre está aperreado”, disse.

As duas manauaras confirmaram que chegaram a ter dívidas negativadas, mas que não chegaram a renegociar diretamente com agências como Serasa. Segundo a empresa, para saber se possui um débito disponível para renegociação, é possível consultar os canais oficiais via e-mail, SMS e direcionamento via WhatsApp, além do aplicativo disponível em lojas virtuais.

Impacto

A economista Michele Aracaty, presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-AM/RR), relembrou que toda a região Norte ao longo dos últimos anos vem se destacando por seus elevados indicadores de inadimplência e apontou como uma das prováveis causas a baixa remuneração e o custo para se trazer produtos, que impacta o poder de compra.

“A inadimplência impacta direta e indiretamente na vida das famílias, uma vez que ficam sem crédito e com o CPF negativado, com nome sujo. Entre as principais consequências, destacamos: restrição de crédito, acúmulo de juros, danos à reputação financeira, bloqueio de contas, estresse, crise de ansiedade, insônia e problemas de saúde, além de divórcio e problemas familiares”, disse.

Aracaty explicou que para se evitar a inadimplência é necessário que haja um forte investimento em educação financeira para melhorar a relação dos brasileiros com o dinheiro, para que saibam quanto ganham “e qual a sua capacidade de fazer dívidas, bem como a capacidade de pagar elas em dia”.

A economista Denise Kassama também apontou que a restrição de crédito dos amazonenses inadimplentes não impacta somente o orçamento familiar, mas também toda a cadeia de consumo, prejudicando a economia local.

“Se o amazonense não consegue consumir, o comércio não consegue vender. Se o comércio não vende, ele não recolhe impostos, e a economia vai girando mais devagar. O comércio não vende, a indústria não consegue vender para o comércio. Se produz menos, se emprega menos”, disse.

Ela ressaltou a importância de campanhas para renegociações de dívidas, nos moldes do que faz a Serasa com o Feirão Limpa Nome, além de negociações diretas com os credores.

“Já fica o conselho para quem está endividado: procurar a fonte credora e negociar. Porque a partir do momento que você negocia, os juros deixam de onerar essa dívida. Então, vá no seu credor, negocie, coloque prestações que caibam dentro do seu bolso e comece a pagar. Nada de nome ruim na praça, que isso só ferra a gente”, concluiu.

Renegociação

A Serasa informou que está enviando alertas aos moradores do Amazonas cujas dívidas são de no máximo R$ 100. “A maioria dos devedores desconhece que têm estes débitos atrasados em seu nome e, quando sabem, não imaginam que a negociação pode ser feita por um valor abaixo do esperado”, disse a entidade.
 
“Resolvemos avaliar detalhadamente nosso cadastro de inadimplentes a fim de ajudar os consumidores mais desavisados”, explica Aline Maciel, especialista em educação financeira da Serasa. “Para nossa surpresa, encontramos somente no Amazonas um total de 562.280 mil pessoas com dívidas que não ultrapassam os R$ 100”.

A empresa afirmou que milhares destes débitos têm esse valor reduzido devido aos descontos  que estão sendo oferecidos por 1.456 empresas que aderiram ao Feirão Limpa Nome. Marcas como Febraban, Correios, Caixa Federal, Banco do Brasil, Procon, Sabesp e outras instituições conhecidas de todos os brasileiros se uniram em mutirão para conter a inadimplência do país, que superou os 74 milhões de CPF, segundo o mais recente Mapa da Inadimplência.

 

Fonte: A Crítica 

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