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Disputa de territórios no Rio causa confronto entre milicianos e traficantes

Foto: Fabiano Rocha/Agência O Globo

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A guerra para a tomada de territórios na Zona Oeste do Rio teve um novo capítulo na última semana. Na ocasião, quatro criminosos foram mortos, quando milicianos e traficantes se enfrentaram pelo domínio da Gardênia Azul, em Jacarepaguá, e de Rio das Pedras, no Itanhangá. Dois redutos de grupos paramilitares há décadas, as regiões têm recebido diversas investidas do Comando Vermelho desde meados do ano passado.

Atualmente, por exemplo, o tráfico já comanda a Gardênia Azul por completo e tenta o mesmo resultado em Rio das Pedras — berço da milícia. A ideia da facção, segundo investigações da polícia, é formar uma espécie de “cinturão” na cidade, a partir da tomada de áreas em poder de rivais nas zonas Norte e Oeste.

Através da floresta

Investigadores acreditam que, com a ocupação de Rio das Pedras, a facção alavanque o comércio de drogas na região da Barra da Tijuca, caracterizada como uma área com forte “potencial econômico”. Fontes ouvidas pelo GLOBO apontam que, além da favela na Zona Oeste, a facção tenta também tomar o Morro dos Macacos, em Vila Isabel, na Zona Norte, o que possibilitaria a formação de um “cinturão do tráfico” na capital.

“Com Rio das Pedras, eles conseguiriam formar uma espécie de complexo que, atravessando a Floresta da Tijuca, cairiam na Tijuca, região que já é deles. Tanto que também brigam pelo Morro dos Macacos. A ideia é que fechem um cinturão, digamos. Em Jacarepaguá, o foco é a Barra, porque o potencial econômico é inesgotável”, conta um policial.

Milícia enfraquecida

Outro policial aponta para o rendimento em termos de exploração de atividades e venda de drogas de Rio das Pedras.

“A condição de tomar a região é antiga, um sonho da facção. Apenas pelo consumo interno já muito valioso. O rendimento por lá é muito grande. Além disso, existe a proximidade com a Cidade de Deus, que já é do CV. Antes, existia um medo de que a milícia atacasse a CDD, mas isso nunca aconteceu”, explica.

Pelo lado da milícia, há um entendimento de que existe um enfraquecimento após Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho — chefe do maior grupo paramilitar do estado —, se entregar à Polícia Federal, em dezembro do ano passado. A saída de Zinho das ruas teria aberto espaço para maiores investidas do Comando Vermelho. Além disso, a fragmentação da milícia se dá também pelo fato de Zinho não ter deixado um sucessor definido. Desde então, milicianos e traficantes também se enfrentam para assumir o espólio do chefão.

Briga por Rio das Pedras

O movimento inicial para a guerra nas comunidades, na quarta e na quinta-feira, foi aEm nota, a Polícia Civil disse que atua no combate à criminalidade e que faz ações diárias com o objetivo de enfraquecer os grupos criminosos. A instituição acrescentou ainda que atua em conjunto com a Polícia Militar e outras forças de segurança. formação de uma espécie de “consórcio” entre milicianos de Jacarepaguá. Essa união entre os grupos paramilitares seria encabeçada por criminosos de Curicica e teria apoio também de bandidos de Rio das Pedras. A ideia, segundo a Polícia Civil, é que tentassem juntos tomar trechos da Gardênia, após a comunidade ter sido dominada por completo por traficantes no ano passado.

Com a investida dos milicianos na área, criminosos do Comando Vermelho, que hoje dominam a região, se deslocaram para Rio das Pedras, comunidade dominada pela milícia, em uma tentativa de fazer com que os paramilitares recuassem. Lá, três pessoas ficaram feridas e uma foi morta após intenso tiroteio. Uma van também foi incendiada na comunidade.

No dia 6 de janeiro deste ano, traficantes comandados por Juan Breno Malta Ramos Rodrigues, o BMW, já haviam tentado a tomada da favela. Na ocasião, o grupo usou a Cidade de Deus como base para a tentativa de invasão. Esta semana, o Comando Vermelho também teria tentando atacar o Morro do Campinho, sob controle do Terceiro Comando Puro (TCP), mas foi repelido, segundo policiais.

Acesso à Barra

A polícia ainda não confirmou se a milícia conseguiu retomar pelo menos uma parte do território perdido da Gardênia Azul, que por décadas pertenceu a grupos paramilitares. A região passou a ser controlada pelo Comando Vermelho após os confrontos no ano passado.

“A exploração da Gardênia é importante economicamente para o fortalecimento dos grupos criminosos. A região também é um local que serve de base de apoio para expandir o domínio para Jacarepaguá e ter acesso rápido à Barra da Tijuca para comércio de drogas”, confirmou outro policial.

Segundo fontes ouvidas pelo GLOBO, ainda não há sinais de que a prisão do Zinho tenha aberto espaço para investidas do CV. Não se tem informação se, de fato, a milícia está enfraquecida mesmo com uma disputa interna. A polícia investiga se Zinho teria, na verdade, indicado um sucessor, que seria membro da família Braga.

 

 

 

 

Fonte: Extra

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