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A eliminação do Vasco na Copa do Brasil vai de encontro ao enredo da zebra que soube sofrer, da noite em que a bola cismou em não entrar ou daquele jogo com pressão até o último segundo. A equipe de Maurício Barbieri mal agrediu e tornou muito fácil a vida do ABC, que segurou um empate sem gols no tempo regulamentar e garantiu sua vaga na decisão por pênaltis.
Apesar dos 62% de posse de bola, o Vasco terminou o jogo com apenas 12 finalizações, a maior parte delas para fora ou bloqueada. Ficou longe da média de 18 por jogo que a equipe ostenta na atual temporada e anos-luz das 32 contabilizadas na classificação sobre o Trem-AP, na primeira fase da competição, por exemplo.
A equipe muito elogiada pela facilidade com a qual cria oportunidades e por bombardear seus adversários não foi a campo nesta quinta.
Com um meio de campo sem criatividade e uma noite de pouquíssima inspiração, o time comandado por Barbieri oscilou quando não devia, encurtou o calendário e conheceu sua primeira eliminação no ano. Como se não bastasse, ainda deixou de colocar nos cofres R$ 2,1 milhões, que é o valor da premiação aos clubes que avançam para a terceira fase da Copa do Brasil.
Jogadores do Vasco lamentam eliminação para o ABC na Copa do Brasil — Foto: André Durão / ge
Contra o ABC, o Vasco parece ter trocado as finalizações pelos cruzamentos: foram assustadoras 38 tentativas durante a partida, com Alex Teixeira (sete), Lucas Piton (sete) e Puma Rodríguez (nove) entre os maiores adeptos do recurso. O detalhe é que nem um deles conseguiu encontrar Pedro Raul, de 1,92m. O único que cruzou para cabeceio do atacante foi Erick Marcus, que entrou no segundo tempo, numa boa jogada pela esquerda em que o camisa 9 finalizou nas mãos do goleiro do ABC.
De resto, as bolas levantadas na área não tiveram direção, foram ou fortes ou fracas demais, e fizeram parte de um pobre repertório ofensivo do Vasco. Diante de um adversário minimamente bem postado, e já que estava difícil fazer a bola chegar ao ataque, faltaram também os chutes de longa distância, como pontuou Barbieri na coletiva de imprensa após o jogo. Erick Marcus, de novo ele, foi um dos únicos que tentou enquanto esteve em campo – o atacante de 18 anos quase marcou o que seria o gol da classificação dessa forma.
Para a partida com clima de decisão, situada entre dois clássicos igualmente decisivos contra o Flamengo, o Vasco foi a campo com o que tem de melhor, de olho na melhor das hipóteses numa boa vantagem construída no primeiro tempo para poder poupar alguns jogadores na reta final. Mas a escalação com Marlon Gomes aberto na esquerda e Alex Teixeira no meio de campo não funcionou.
Com exceção dos primeiros minutos da partida, em que Pec, Alex e Puma se encontraram algumas vezes pela direita, o Vasco foi um deserto de criatividade. Andrey Santos e Jair mais uma vez tiveram atuação abaixo, o que levanta a discussão se de fato devem ser escalados juntos ou só o que falta é entrosamento. Dessa forma, Pedro Raul foi menos servido do que está acostumado e bateu cabeça com os zagueiros do ABC.
Reação acontece tarde
O mesmo enredo se deu no início do segundo tempo, com a diferença de que o ABC ficava mais com a bola e parecia gostar mais do jogo à medida que o tempo passava. Ficou a impressão de que Maurício Barbieri demorou a mexer na equipe.
A primeira substituição aconteceu aos 21 minutos do segundo tempo, com a entrada de Erick Marcus no lugar de Marlon Gomes. Os torcedores não gostaram da saída de Marlon e entoaram gritos de “burro” em São Januário, mas a escolha por Erick ao menos se mostrou acertada: mesmo com apenas meia hora em campo, o atacante de 18 anos foi o melhor jogador do Vasco na partida.
Maurício Barbieri, técnico do Vasco, em ação contra o ABC — Foto: André Durão
Em seguida, Barbieri promoveu mais três mexidas: Orellano, Rodrigo e Nenê entraram nos lugares de Gabriel Pec, Andrey e Alex Teixeira, respectivamente. E a equipe teve consolidada sua reação dentro da partida, com mais volume de jogo e algumas chances criadas, mas nada que fosse suficiente para tirar o zero do placar. Ainda assim, o Vasco esteve longe de pressionar da forma que se espera dele contra um adversário mais fraco e dentro de São Januário.
Parecia que a rota seria corrigida na decisão por pênaltis, com o ABC cometendo o primeiro erro (Walfrido cobrou na trave). Bastava Pedro Raul converter a quinta cobrança para que a equipe se classificasse e toda a noite de pouca inspiração ficasse para trás. Mas o atacante isolou por cima do gol. O argentino Orellano, que voltou depois de mais de um mês se recuperando de lesão, fez parecido na sétima cobrança, o que decretou o adeus precoce do Vasco à Copa do Brasil.
*GE
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