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Indicador da Serasa aponta recorde histórico de inadimplência empresarial em julho; setor de serviços concentra maioria das dívidas e economista alerta para impacto dos juros altos
O Amazonas registrou, em julho, 124,7 mil empresas negativadas, segundo o Indicador de Inadimplência elaborado pela Serasa Experian, maior datatech do país. O que coloca o Estado na 16ª colocação nacional. No Norte, o Pará apresentou o maior volume de negócios inadimplentes (187 mil), com média de 7,6 dívidas por CNPJ. Ao todo a região somou 480 mil firmas com compromissos vencidos e não pagos.
O ranking de empresas negativadas no Norte é composto ainda por Rondônia com 55,5 mil firmas devedoras; por Tocantins, com 53,5 mil; Amapá, com 17,8 mil; Acre com 16,1 mil; e Roraima com 11,7 mil.
O Pará também lidera em volume de dívidas negativadas com R$ 4,3 bilhões. É seguido pelo Amazonas que detinha R$ 2,4 bilhões. Tocantins totalizava R$ 1,3 bilhões; Rondônia, R$ 1,2 bilhões; Acre, 388,7 milhões; Amapá; R$ 350,5 milhões; e Roraima, 229,7 milhões.
No Amazonas, a média de pendências por CNPJ era 5,6. O mesmo apresentado por Roraima. Em Tocantins, que encabeça a lista nesse quesito, a quantidade era de 7,8. Em Rondônia, a média ficou em 7,4. No Acre, 5,9. Em Roraima, 5,6 dívidas por empresa. E no Amapá, 5 inadimplências.
Os dados nacionais mostram que, pelo sétimo mês consecutivo, a inadimplência das empresas bateu o recorde da série histórica e chegou, em julho, aos 8 milhões de CNPJs nesta situação, um aumento de mais de 200 mil negócios desde junho e de 1,1 milhão na comparação com julho de 2024. O ticket médio das dívidas também atingiu a máxima histórica da série, R$ 3.302,30 – com média de 7,3 dívidas por empreendimento. Juntas, todas as dívidas somam R$ 193,40 bilhões.
Taxa de juros
A economista da datatech, Camila Abdelmalack, explica que “as empresas têm contraído dívidas cada vez mais altas, muito por conta do ambiente de juros elevados e a concessão de crédito mais criteriosa, o que deixa o ambiente mais restritivo para renegociações de dívidas e prazos. Observamos que o segundo semestre pode ser ainda mais crítico para os negócios, com as projeções de desaceleração na atividade econômica exercendo uma pressão ainda maior nos ganhos e na margem de lucro, principalmente para aquelas de menor porte”.
As Pequenas e Médias Empresas seguiram, em julho, sendo as mais impactadas pela inadimplência no país, segundo o indicador da datatech, representando 7,6 milhões do total de 8 milhões de CNPJs afetados. Juntas, concentraram 54 milhões de dívidas negativadas, somando R$ 174,1 bilhões.
De acordo com o indicador, o setor de “Serviços” concentrou a maior fatia dos CNPJs negativados em julho, respondendo por 54,1% do total. Na sequência, apareceram os segmentos de “Comércio” (33,7%) e “Indústria” (8,0%). As categorias agrupadas como “Outros”, que incluem empresas do ramo Financeiro e do Terceiro Setor, representaram 3,2%, enquanto o setor Primário completou a lista com 1,0%.
A maioria das dívidas foi inadimplida no segmento de “Serviços” (31,8%), seguido por “Bancos e Cartões” (19,8%).
Em números absolutos, os estados do Sudeste concentraram o maior volume de inadimplidos (4,1 milhões), seguida pela região Sul (1,2 milhão).
Projeção da taxa de juros é mantida

O prédio do Banco Central, em Brasília (DF)
Pela 13ª semana consecutiva, o Boletim Focus do Banco Central, desta segunda-feira, manteve as projeções da taxa básica de juros, a Selic em 15% ao ano, mesmo percentual definido pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC. Para os anos subsequentes (2026 e 2027), o índice está projetado em 12,25% e 10,50%, respectivamente.
O Copom justificou a manutenção da Selic em 15%, pela incerteza do ambiente externo, “em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos”. Segundo o comitê, o cenário exige cautela “por parte de países emergentes em ambiente marcado por tensão geopolítica”.
Também é citado o cenário doméstico. Para o Copom, os indicadores de atividade econômica apresentam moderação no crescimento, apesar do dinamismo do mercado de trabalho. A inflação permanece acima da meta.
Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
Os bancos consideram outros fatores, além da Selic, na hora de definir os juros a serem cobrados dos consumidores. Entre eles, estão risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas.
Assim, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia. Quando a taxa Selic é reduzida, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica.
O boletim também mantém em 4,83% a projeção de inflação para 2025 – índice que é definido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Há quatro semanas, a inflação oficial do país foi projetada em 4,86%, percentual que cai para 4,29% quando projetado para 2026, e para 3,90% para 2027.
Haddad: Selic deve começar a cair
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse ontem, em São Paulo, que acredita que a taxa de juros deve começar a cair de “forma consistente e sustentável” em breve. Embora não tenha dado expectativas ou prazos para que isso ocorra, o ministro disse crer que, no próximo ano, “as coisas vão melhorar muito”.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad
Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou a manutenção da Taxa Básica de Juros (Selic) em 15% ao ano. A Selic é o principal instrumento do Banco Central para o controle da inflação, que é freada com o encarecimento do crédito e a desaceleração da economia.
No comunicado oficial, o Copom justificou a manutenção da Selic nesse patamar pela incerteza do ambiente externo, “em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos”.
Ao participar nesta manhã do evento Macro Day, promovido pelo banco BTG Pactual e realizado na capital paulista, o ministro defendeu que a alta na taxa de juros não se refere somente à questão fiscal no país.
“Existem outras coisas que explicam o juro no Brasil. Muitas outras coisas. O fiscal é muito importante, mas não é a única explicação para esse patamar de juros”, disse ele.
Fonte: A Crítica
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