Portal NDC
Amazonas

Bebês sofrem queimaduras e lesões durante partos em maternidade de Manaus, apontam denúncias

Instituto da Mulher Dona Lindu, em Manaus. — Foto: Reprodução/Rede Amazônica

Curta nossa Página no Facebook

Entre os relatos, há um bebê ferido por um bisturi elétrico e outros com lesões graves após complicações no parto.

Mães e funcionários do Instituto da Mulher Dona Lindu, em Manaus, denunciaram casos de violência obstétrica, falhas médicas e erros durante partos na unidade.

Entre os relatos, estão o de um bebê ferido por um bisturi elétrico e de outras crianças que sofreram lesões graves após complicações no nascimento.

Documentos internos obtidos pela Rede Amazônica também indicam deficiências na capacitação dos profissionais que atuam no hospital.

Mariana dos Santos Batista, que deu à luz no fim de agosto, contou que chegou ao hospital com dores intensas durante a madrugada, mas só passou por uma cesariana de emergência por volta das 9h da manhã. O bebê nasceu com quase cinco quilos e permanece internado desde então.

“O neném estava defecando e comendo o próprio cocô dentro da barriga. Já era um caso grave, mas demoraram demais”, relatou Mariana.

A mãe afirma que um dos médicos tentou convencê-la a ter parto normal, mesmo com o histórico de obesidade, hipertensão e diabetes. “Eles sabiam dos meus riscos. Essa demora me prejudicou muito”, disse.

Segundo Mariana, os médicos informaram que o bebê nasceu com problemas pulmonares e cardíacos, além de uma lesão no braço — atribuída pela equipe à má formação fetal.

Dois obstetras ouvidos pela reportagem, que analisaram a ferida, acreditam que o ferimento pode ter ocorrido durante o parto, possivelmente por manuseio inadequado.

Relatórios internos e novos casos

Um relatório interno de setembro, ao qual a Rede Amazônica teve acesso, descreve outro caso grave: o parto de uma jovem de 18 anos, em que apenas o corpo do bebê saiu inicialmente, ficando a cabeça presa no canal vaginal por cerca de dez minutos.

O recém-nascido sofreu parada cardiorrespiratória e trauma genital.

Outro caso relatado foi o de um bebê que sofreu uma queimadura provocada por um bisturi elétrico durante o parto.

Sindicato e Conselho apontam falta de estrutura

O presidente do Sindicato dos Médicos do Amazonas, Mario Vianna, afirmou que a situação no Instituto da Mulher se agravou após a unidade — assim como o Hospital 28 de Agosto — passar a ser administrada por uma empresa de Goiás.

“Há denúncias de sobrecarga de trabalho, falta de insumos e até de estudantes de medicina realizando procedimentos que deveriam ser feitos por profissionais formados. É gravíssimo”, disse.

A conselheira do Conselho Regional de Medicina do Amazonas (CRM-AM), Shirllane Rodrigues, afirmou que a entidade já realizou fiscalizações, mas que tem limitações legais para intervir.

“Não temos poder de polícia. Quando identificamos algo grave, encaminhamos imediatamente ao Ministério Público, que pode agir judicialmente”, explicou.

O que diz a Secretaria de Saúde

Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM) negou que o bebê citado na reportagem tenha sido vítima de violência obstétrica. A pasta afirmou que o ferimento no braço foi causado ainda no útero.

Sobre o parto pélvico da jovem de 18 anos, a secretaria informou que o procedimento seguiu os protocolos obstétricos e que o bebê recebeu cuidados intensivos, tendo alta sem sequelas.

A SES confirmou o caso do bebê queimado por bisturi elétrico e disse que o ferimento foi tratado com curativos, sem necessidade de cirurgia.

A secretaria destacou ainda que todos os médicos da unidade possuem registro de especialização em conselhos de outros estados e estão em processo de regularização no Conselho Regional de Medicina do Amazonas. Também afirmou que residentes e estudantes atuam sob supervisão, conforme diretrizes do Ministério da Saúde.

 

O Ministério Público do Amazonas foi procurado, mas ainda não se manifestou sobre as denúncias.

 
 

Fonte: G1

Curta nossa Página no Facebook

Ao continuar navegando, você concorda com as condições previstas na nossa Política de Privacidade. Aceitar Leia mais