Otimista, Eletros aposta no crescimento das indústrias para alavancar economia em 2025

Em funcionamento há 30 anos e, há 6 anos sob a condução do amazonense, o economista José Jorge Júnior, a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) está otimista em relação a 2025 e aposta no crescimento das indústrias associadas para alavancar a economia nacional.

Sediada em São Paulo e com 35 associadas, atualmente, sendo 22 empresas instaladas na Zona Franca de Manaus (ZFM), a entidade representa fábricas dos setores eletroeletrônicos, eletrodomésticos e portáteis das linhas marrom, branca, ar-condicionado e bens de informática na Amazônia, o equivalente a 97% de toda a produção de eletroeletrônicos e eletrodomésticos do Brasil.

“Para 2025 queremos fortalecer ainda mais o trabalho associativo de representação do setor eletroeletrônico nacional”, frisa Jorge Júnior. Mas, para isso ir adiante, o dirigente afirma que o ajuste fiscal e o equilíbrio das contas públicas no próximo ano pelo governo federal são fundamentais para a cadeia produtiva.

“De fato, esse cenário positivo é importante para que a gente possa manter o ambiente econômico favorável. Nosso setor precisa que os juros sejam reduzidos. Nossos produtos têm preços que geralmente a população acaba adquirindo-os de forma parcelada, então, quando você tem os juros referenciais menores você tem a parcela do financiamento cabendo no bolso dos consumidores, e ele se sente estimulado para a compra. Juros elevados faz com que haja uma inibição, desaquecimento da economia porque o consumidor não vai às compras”, diz o economista.

Jorge Júnior acrescenta que o controle inflacionário também tem que ser relevante para não impactar no custo da produção e possibilitar às empresas do segmento ter acesso a insumos mais competitivos. Ele defende a indústria de base nacional, mas afirma que o equilíbrio nessa balança é salutar para que as fábricas do ramo possam ter acesso a insumos importados muito mais competitivos do que os fabricados no Brasil, o que vai impactar um preço de produto final também mais competitivo para os consumidores.

Crescimento histórico

A Eletros deve fechar 2024 com um crescimento histórico em torno de 25% em todos os segmentos que a entidade atua e que pode ser o melhor resultado para o setor nos últimos 10 anos, comemora Jorge Júnior

O destaque vai para a produção de ar-condicionado, que até setembro deste ano já respondia por alta de 52% em relação ao mesmo período de 2023, com a fabricação de 4,3 milhões de unidades nas empresas instaladas no Polo Industrial de Manaus (PIM). A expectativa é que o setor feche o ano com 6 milhões de unidades produzidas. Os números serão atualizados quando saírem os indicadores de 2024 no início do próximo ano.

O dirigente ressalta que o Brasil é o segundo maior produtor de ar-condicionado no mundo ficando atrás apenas da China e, toda essa produção é concentrada na ZFM. “A Eletros tem construído um diálogo produtivo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), em busca de uma revisão da Política Industrial para o segmento. Essa atualização tornaria nossos produtos ainda mais competitivos, com preços mais acessíveis e, eficientes no consumo de energia”, pontua.

O crescimento na produção e vendas de ar-condicionado, diz Jorge Júnior, se deu muito também pelo efeito das mudanças climáticas que atingiu com mais rigor o Brasil neste ano. Na esteira destes aparelhos climatizadores, o dirigente destaca outros produtos com recorde de produção, a exemplo do Air Fryer.

“É um produto que tem, cada vez mais, conquistado o gosto dos brasileiros e impactando, inclusive, na diminuição da venda de outros produtos, como micro-ondas e fornos elétricos. O ventilador também cresceu muito a produção e também foi um produto destaque. Geladeiras e bebedouros também foram produtos que cresceram muito nas vendas durante este ano”, elenca Jorge Júnior.

Investimentos

Com as 35 associadas, a Eletros representa 3% do Produto Interno Bruto (PIB) da indústria, diz o economista e o volume de investimentos do setor têm crescido bastante nos últimos 2 anos, alcançando um volume de R$ 5 bilhões, ressalta.

“No último dia 9 foi inaugurada uma fábrica da Midea, em Pouso Alegre, interior de Minas Gerais, que vai produzir refrigeradores e lavadores de roupa, com alta tecnologia e investimentos de mais de R$ 600 milhões. A LG anunciou investimentos de R$ 1,5 bilhão numa fábrica também de linha branca no Paraná, assim como a Electrolux, que vai investir mais de R$ 500 milhões, também no Paraná, na linha branca. É um setor realmente relevante na economia do país”, destaca.

Reforma tributária

Aprovada com ampla maioria na noite de terça-feira (17), o projeto de lei que regulamenta a reforma tributária no país (PLP 68/24) foi acompanhado de perto pela Eletros durante todo o período de tramitação e discussão da matéria, seja no Senado seja na Câmara dos Deputados.

Júnior ressalta que a entidade criou um Grupo de Trabalho interno para construir e debater as prioridades do setor, com a consultoria de especialistas em tributação, que estudaram minuciosamente cada proposta contida no projeto de regulamentação, de forma a não prejudicar as empresas do segmento.

“Todas as vezes que saia algum texto ou proposta, nós imediatamente fazíamos a avaliação medindo impacto e quais seriam as sugestões para a melhoria dos documentos numa visão Eletros. E agora, mesmo no Senado e na Câmara, durante a discussão da regulamentação da matéria, atuamos com muita força junto às bancadas dos Estados onde nós temos empresas instaladas visando proporcionar o melhor ambiente de negócios e que realmente a regulamentação alcançasse a melhoria deste cenário”, relembra.

O dirigente ressalta e comemora a manutenção das vantagens competitivas da Zona Franca de Manaus no âmbito da reforma porque isso impacta, diretamente e de forma positiva, na manutenção dos empregos do parque fabril, no faturamento do modelo econômico e numa indústria atraente e competitiva.

Ele considera a aprovação do texto final pelas duas casas legislativas um avanço positivo para a Zona Franca de Manaus e para o Brasil como um todo.

 

Fonte: RealTime1