Portal NDC
Famosos e Tv

Comentários de Deputado sobre Cunhã-Poranga do Boi-Bumbá Garantido gera críticas

Foto: Reprodução/ Redes Sociais

Curta nossa Página no Facebook

A cunhã-poranga do Boi-Bumbá Garantido, Isabelle Nogueira, 30, foi alvo de crítica do deputado cassado e youtuber Arthur do Val (União Brasil), mais conhecido como “Mamãe Falei”. Em um vídeo divulgado na quarta-feira (10), em seu canal do Youtube, o ex-parlamentar fez comentários polêmicos sobre a amazonense ao dizer que ela não era uma “índia original”.

“A índia do Big Brother nada tem a ver com índia. Roupa coladinha, dente brancão, chama Isabelle. Não é uma índia original”, disparou. O youtuber ainda questionou como a ministra Sonia Guajajara se sentiria representada por Isabelle.

Indígenas entrevistados pela ‘Revista Cenarium Amazônia’ consideraram a declaração de Arthur do Val discriminatória, preconceituosa e como parte de uma falta de conhecimento do País sobre os saberes, costumes e tradições dos povos indígenas.

Para a assistente social, originária do povo Diakarapó e mestranda em Antropologia pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Thaís Desana, é lamentável que esse discurso seja feito por um ex-deputado que, em tese, deveria ter bastante instrução ou, ao menos, deveria ir atrás de informação.

“O comentário tem cunho discriminatório e preconceituoso. É alimentado por uma base ignorante que tem falta de conhecimento e de interesse de conhecer também sobre a cultura dos povos indígenas”, reflete Desana.

A mestranda em Antropologia aponta, ainda, que pessoas indígenas estão em diferentes contextos e em diferentes lugares e vivências. “Já não cabia esse discurso do passado que, hoje em dia, é menos aceito”, completa.

Estereótipo ainda persiste

O Amazonas é o Estado que concentra mais pessoas indígenas do País, com 490,9 mil dos 1,7 milhão de indígenas registrados no último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizado ano passado. Mais da metade vive na Amazônia Legal. Os dados mostram o desafio que é romper a visão estereotipada sobre esses povos.

Para Thaís Desana, a fala do youtuber dá a dimensão dos principais desafios para romper com o preconceito e a reprodução de estereótipos em relação aos povos originários.

“É necessário ter espaços de diálogos e na política. O ministério indígena foi um grande passo para dar representatividade e mostrar esses indígenas. No entanto, os desafios continuam nas bases da educação brasileira. É preciso mostrar que a nossa cultura não deve ser subjugada como inferior, temos que criar nossa autoestima em volta dessa cultura. Isso passa pelos direitos básicos de falar, agir e de estar presente na academia e mercado de trabalho. Entre os maiores desafios, está a visibilidade”, avalia.

Já para Pedro Tukano, coordenador do Coletivo Indígena LGBTQIA+ Miriã Mahsã, a fala do deputado reflete o imaginário brasileiro. Ele explica que o indígena está inserido em diversos contextos, tanto na floresta como também na realidade urbana e, nem por isso, deixam de pertencer aos povos originários.

“A educação brasileira foi pensada a partir de uma visão ocidental e colonizadora sobre as populações indígenas, estudadas de forma generalizada. Isso tudo resulta nessa ignorância de pensamento. As pessoas ainda pensam no indígena apenas como um ser que vive na floresta”, pontua Tukano.

 

 

Fonte: Revista Cenarium Amazônia

Curta nossa Página no Facebook

Ao continuar navegando, você concorda com as condições previstas na nossa Política de Privacidade. Aceitar Leia mais