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O ex-senador Telmário Mota foi preso suspeito de mandar matar a mãe de uma de suas filhas

Foto: Reprodução/Senado Federal; Polícia Civil/Divulgação; Reprodução/Facebook; Polícia Civil/Divulgação

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O ex-senador da República por oito anos, Telmário Mota, de 65 anos, foi preso e é apontado como o principal suspeito de ter mandado matar Antônia Araújo de Sousa, de 52 anos, a mãe de uma de suas filhas. Além dele, a Polícia Civil investiga outras três pessoas por envolvimento no assassinato e que tinham ligação com o ex-parlamentar.

Até agora, são investigados no crime, segundo a Polícia Civil:

  • Telmário Mota, ex-senador, preso em Goiás, suspeito de ser o mandante;
  • Um sobrinho do senador, identificado como Harrison Nei Correa Mota, conhecido como “Ney Mentira”, suspeito de receber a ordem de Telmário para cuidar dos trâmites levariam à morte de Antônia;
  • Assessora de Telmário, Cleidiane Gomes da Costa, investigada por monitorar a rotina da vítima e dar apoio no crime;
  • Leandro Luz da Conceição, suspeito de dar o tiro que matou Antônia.

Dos investigados, Telmário e Leandro Luz estão presos. Ney Mentira está foragido – contra ele, há um mandado de prisão e buscas. Cleidiane cumpre medidas cautelares e usa tornozeleira eletrônica.

A Polícia Civil ainda não conseguiu identificar a pessoa que pilotava a moto que levou Leandro até a casa de Antônia, onde ela foi assassinada.

Em agosto de 2022, a filha de Telmário com Antônia o acusou de estupro – à época, ela tinha 17 anos. Antônia foi assassinada com um tiro na cabeça no dia 29 de setembro deste ano, quando saía de casa para trabalhar, por volta das 6h30, no bairro Senador Hélio Campos, zona Oeste de Boa Vista, capital de Roraima.

A decisão de matar Antônia partiu de uma reunião na fazenda Caçada Real, onde Telmário Mota deixou o sobrinho Ney Mentira como responsável pela execução do crime. A fazenda foi um dos locais alvos de busca na operação.

Veja abaixo que são os investigados por atuar com Telmário no crime, segundo a polícia:

Harrison Nei Correa Mota, ‘Ney Mentira’

Harrison Nei Correa Mota, conhecido como “Ney Mentira”, sobrinho de Telmário Mota. Foto: Reprodução/Polícia Civil

Harrison, ou ‘Ney Mentira’, tem 49 anos e é sobrinho de Telmário Mota. Dos envolvidos identificados pela Polícia Civil até agora, é o único que segue foragido.

O suspeito já era investigado por outros crimes, homicídio qualificado, estelionato, roubo majorado, furto qualificado, apropriação indébita, ameaça, e formação de quadrilha ou bando.

As investigações da Polícia Civil sore a morte de Antônia apontaram que Telmário Mota deixou o sobrinho como responsável pela execução do crime durante a reunião na Fazenda Caçada Real, onde a logística para o crime foi decidida.

Ney então comprou a moto que foi usada durante o crime no Residencial Vila Jardim. O veículo estava no nome de outra pessoa, com documentação irregular. Ele pagou R$ 4 mil em espécie pela moto, segundo a polícia.

Depois, ele levou a moto para uma oficina, onde foram feitos alguns reparos. Em seguida, a moto foi entregue para a assessora Clediante. Uma dia antes do crime, ela entregou a motocicleta para os executores. A polícia segue tentando encontrar Ney Mentira.

Cleidiane Gomes da Costa

Ex-senador Telmário Mota e a assesora Cleidiane Gomes da Costa, investigada por monitorar a vítima Antônia Sousa antes do assassinato. Foto: Reprodução/Facebook

A assessora de Telmário, Cleidiane Gomes da Costa, segundo a Polícia Civil, é considerada pessoa de confiança de Telmário, com quem trabalhava havia ao menos 20 anos.

A investigação identificou que Ney Mentira entregou a moto para Cleidiane e ela passou à dupla que foi até a casa da vítima no dia do crime. Imagens obtidas pela Polícia Civil mostram a assessora pilotando a moto usada no crime.

Assessora de Telmário na moto um dia antes do crime, segundo a Polícia Civil. Foto: Reprodução

A assessora monitorava e passava informações sobre a rotina da vítima a Telmário, segundo o delegado que conduz as investigações na Polícia Civil, João Evangelista.

Durante o depoimento, Cleidiane relatou que sabia que o senador tinha uma medida protetiva que o impedia de se aproxima da família de Antônia e, por isso, era a responsável por monitorar a vítima. Durante o depoimento, a filha de Antônia relatou que a mãe chegou a dizer que estava sendo perseguida.

A assessora também confessou que o ex-parlamentar pediu a ela para que conseguisse uma arma em agosto deste ano, mas que achava que a arma seria usada na fazenda.

Além da assessora, os investigadores ouviram o filho dela. O jovem, de 18 anos, disse à Civil que no dia 27 de setembro, dois dias antes do crime, a mãe pegou uma pistola no quarto e pediu para ele pegar o carregador da arma.

“De pronto, sua mãe alertou o depoente: ‘não pega com a mão’, ocasião em que o depoente pegou na arma com um pano, acredita que era o lençol da cama; QUE, sua mãe estava usando luvas descartáveis quando pediu ao depoente para manusear a arma; QUE, sua mãe disse o seguinte: “o senador pediu pra levar só 9 (nove), referindo-se a quantidade de munições”.

No mesmo dia, o jovem viu um alvo de papel com desenho de uma silhueta de uma pessoa dobrado e acondicionado dentro de uma sacola plástica, conforme o documento. Um material semelhante foi encontrado pela Polícia Civil durante a operação “Caçada Real”.

Tanto o jovem como a assessora disseram que uma moto semelhante a usada no crime ficou na casa deles.

Leandro Luz da Conceição

Leandro Conceição, suspeito de ser o executor foi preso em Caracaraí. Foto: Arquivo pessoal

Leandro é apontado pela Polícia Civil como o responsável pelo disparo que matou Antônia. Ele tem 21 anos e foi preso pelo crime na segunda-feira (30) durante a operação “Caçada Real”, deflagrada para prender os suspeitos – incluindo o ex-senador. Leandro foi encontrado em Caracaraí, Sul de Roraima.

O jovem já réu em um caso de latrocínio que aconteceu em 2019, onde a empresária Joicelene Camilo dos Reis, de 47 anos, foi morta em Rorainópolis, Sul de Roraima. Ele e outras quatro pessoas invadiram a casa de Joicelene e, com ela dormindo, a torturaram, amarraram suas mãos com um fio e a estrangularam com um golpe mata-leão.

Leandro Luz chega no local do crime na garupa de uma moto e coloca uma camiseta verde na cabeça — Foto: Divulgação/Polícia Civil

Leandro também chegou a ser preso por tráfico de drogas em outubro de 2023, em Caracaraí, mas foi solto na audiência de custódia.

No esquema que matou Antônia, Leandro chegou no local do crime na garupa da moto adquirida por Ney Mentira e entregue pela assessora. Imagens próximas ao local mostraram ele descendo da moto e sacando a arma usada no crime. O piloto ainda não foi identificado.

A investigação da Polícia Civil é feita pela Delegacia Geral de Homicídios (DGH).

Morte de Antônia

Antônia Araújo de Sousa, mãe da jovem filha de Telmário, foi morta com um tiro na cabeça quando saia de casa no dia 29 de setembro, no bairro Senador Hélio Campos, zona Oeste em Boa Vista.

Ela estava dentro de um carro com um parente na calçada de casa, por volta das 6h30, quando dois homens chegaram em uma motocicleta. Um deles a chamou e em seguida atirou em Antônia.

O corpo de Antonia Sousa foi removido pelo Instituto Médico Legal (IML). Foto: Caíque Rodrigues/g1 RR

Antônia morreu ainda no local, na calçada de casa. No local do crime, a filha da vítima prestava esclarecimento aos agentes com as roupas cobertas de sangue. A vítima era servidora do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami e Yek’uana (Dsei-YY), desde 2017.

Acusação de estupro

Adolescente de 17 anos, filha de Telmário Mota, denuncia o senador por tentativa de estupro. Foto: Caíque Rodrigues/g1 RR

Em agosto de 2022, a filha de Telmário e Antônia Araújo afirmou que ele a assediou, tocou em suas partes íntimas e tentou arrancar a sua roupa no Dia dos Pais. Na época, ela tinha 17 anos.

Segundo a filha, ela fez contato com o senador para os dois passarem o Dia dos pais juntos. Ela disse que o pai ligou por volta das 19h dizendo que iria levá-la para um lago, para comemorarem a data.

A filha, em entrevista exclusiva ao g1, contou que o pai a forçou entrar em seu carro e a tomar bebidas alcoólicas. Também disse que o senador tomou seu celular durante os assédios para que ela não pedisse ajuda para ninguém.

“Por ele ser meu pai, por eu ter saído várias vezes com ele eu nunca imaginei [que isso aconteceria]. Desde pequena a gente mantinha contato, ele era distante, mas eu era a filha mais próxima dele. Ele nunca tinha dado sinal de um comportamento assim comigo, nunca. Nem para mim, nem para as outras filhas dele. Abalou todo o meu mundo”, disse.

Telmário negou as acusações e afirmou se tratar de perseguição politica.

O caso foi registrado na Polícia Civil como estupro de vulnerável. A juíza Graciete Sotto Mayor Ribeiro, da Vara de Crimes Contra Vulneráveis, chegou a conceder uma medida protetiva em favor da filha.

Quem é Telmário Mota

O ex-senador da República por oito anos, Telmário Mota, de 65 anos, é procurado pela Polícia Civil de Roraima. Formado em economia e contabilidade, Mota começou a carreira política em 2007 na Câmara Municipal de Boa Vista, quando assumiu uma vaga de vereador por ter ficado como primeiro suplente na eleição municipal de 2004.

Porém, ele só foi eleito dez anos depois, em 2014, como senador, quando fazia fortes críticas a Romero Jucá (MDB), quem dizia ser seu rival político.

Já nas eleições de 2018, ele foi candidato ao governo de Roraima pelo PTB, mas não se elegeu. Durante a campanha, o então candidato se autopromovia como “doido” e pedia para que os eleitores o dessem uma chance por isso.

O político roraimense também é conhecido por se envolver em polêmicas, como: teoria falsa sobre planeta Nibiru, rinha de galo, realização de festas durante a pandemia da Covid-19 e outros casos.

 

 

 

 

 

 

Fonte: G1

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