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Uma mulher trans de 26 anos denuncia que foi vítima de agressão verbal e de tentativa de homicídio por conta de sua orientação sexual e sua religião – umbanda – no último final de semana, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
A agressão, segundo Nycole da Silva Pinto, foi fruto de um desentendimento que ocorreu na noite do último sábado (19), quando ela tentava pegar um mototáxi. Na segunda-feira (21), ela foi alvejada por um tiro, na Praça São João, no Centro do município. Nicole foi baleada no rosto e a bala está alojada na boca.
De acordo com Nycole, tudo começou quando ela e a amiga tentava voltar para casa, na noite de sábado, e um mototaxista as agrediu verbalmente. Vítima e agressor se conhecem.
“No sábado, houve uma briga entre esse mototaxista, eu e a minha amiga. Ele disse que éramos trans e ‘não levaria veado em sua garupa’. Fomos embora com outra pessoa. No dia seguinte, já no domingo (20), o pai dele me ligou perguntando se eu iria trabalhar. Eu disse que não, porque vi que ele estava com maldade. Eu falei que estava em Copacabana”, relembra Nycole.
“Na segunda, eu estava trabalhando e o pai do mototaxista me encontrou na praça e disse que tinha que ‘desenrolar’ a confusão. Eu falei que iria fumar um cigarro na esquina e ele questionou se eu gostava de fazer macumba. Em seguida e perguntou se eu estava bem protegida. Respondi para ele que: ‘Graças a Deus e aos meus orixás, eu estava”, acrescentou Nycole.
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Vítima horas após ser atacada — Foto: Arquivo pessoal
“Então, ele deu a volta na praça, foi no mototáxi, pegou o filho, sentou na garupa e foi até a mim. Eu estava agachada fumando e ele atirou. Quando ele deu o tiro, eu levantei e corri. Ele atirou novamente. Nesse momento, o filho dele falou: ‘A outra está ali’. Eu comecei a gritar e o pessoal da praça também gritou, já que lá estava muito cheio. Ai, eles correram”, relembra a vítima.
Quem socorreu Nicole foram pessoas que estavam no entorno da praça. O agressor e o filho, fugiram em seguida e desde então não teriam sido mais vistos.
Agressor continua mandando mensagens
Após ser baleada, Nycole foi levada para o Hospital Estadual Azevedo Lima. Mesmo hospitalizada, o suspeito de ser o atirador continua mandando mensagem para a vítima.
“Ele continua me mandando mensagem. Ele falou para a amiga da minha mãe que ele vai terminar o que ele fez”. O g1 teve acesso as mensagens. Em um trecho, o suspeito afirma que não tem medo de ser preso e “puxar cadeia”. Só quero justiça”, afirma Nycole.
Dificuldade para registrar o caso na delegacia
Após o fato, uma testemunha, que é amiga de Nicole, diz que tentou registrar um boletim de ocorrência. Entretanto, policiais da 78ª DP (Fonseca) teriam procrastinado e tentando que ela desistisse de fazer o registro.
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Radiografia feita pela vítima no Hospital Azevedo Lima — Foto: Arquivo pessoal
Após o caso, a Coordenadoria de Defesa dos Direitos Difusos e Enfrentamento à Intolerância Religiosa (Codir), da Prefeitura de Niterói, divulgou uma nota. Segundo a pasta, ela acompanha o caso e chamou o fato de “tentativa de assassinato”.
De acordo com o órgão, profissionais da coordenadora estão à disposição de Nycole e que está acompanhando o caso em conjunto com a Clínica Jurídica LGBTQIA+. Por fim, a Codir repudiou a agressão e salientou que está “à postos para enfrentar qualquer que seja a violação de direitos, principalmente em se tratando de casos de violência LGBTQIA+fóbica e/ou intolerância religiosa”.
O g1 ligou para o telefone do suspeito. Ele disse que “desconhecia a pessoa e o fato”.
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