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Mais de 145 mil moradores de municípios ligados à BR-319 estão sendo diretamente afetados pelo desabamento de duas pontes localizadas na rodovia federal, no Amazonas. Dentre as principais consequências do acidente, está a escalada dos preços de alimentos e outros itens de necessidade básica.
O número de afetados corresponde à soma da estimativa populacional do IBGE para os municípios de Careiro Castanho, Careiro da Várzea, Manaquiri e Autazes, que utilizam a BR-319 como meio mais barato para o abastecimento de comércios e distribuidoras de compras no atacado. A outra opção era por rio, mas a região está em pleno período de estiagem.
Ele e a esposa utilizavam a BR-319 para ir semanalmente a Manaus fazer as compras de mercado, justamente para garantir alguma economia. Agora, a rotina ficou totalmente prejudicada. “No sábado a gente aproveitava para ir à faculdade, ver a família e fazer essas compras”, conta.
Em 7 de outubro, ele foi até Manaus pensando que seguiria com a mesma rotina. Porém, no dia seguinte ficou sabendo que a ponte sobre o rio Autaz Mirim, na BR-319, por onde ele havia passado, também tinha desabado.
Distribuidora
Osiane Martins tem um comércio no distrito Purupuru, no quilômetro 34 da BR-319, onde também mora com o esposo e duas crianças menores. Ela conta que desde a queda das pontes, ficou impossível abastecer a mercearia com produtos comprados em Manaus.
Até água
A dona de casa Edna Ferreira de Lira mora há 45 anos em um sítio no quilômetro 7 da estrada de Autazes (AM-257), ligada à BR-319. Em todo esse tempo, diz nunca ter visto nada como o cenário observado atualmente.
“Nós estamos aqui só pela misericórdia de Deus. A gasolina passou de R$ 7 aqui. Minha filha que mora lá pra Autazes falou que a água mineral passou de R$ 20”, lamentou.
Dnit constrói acessos
Em comunicado enviado à imprensa, o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit) – responsável pela manutenção da estrada e das pontes – informou que iniciou na sexta-feira (14) a instalação da tubulação do sistema de drenagem da passagem seca no rio Autaz-Mirim, onde desabou a segunda ponte.

(Foto: Gilson Mello)
O plano da autarquia é entregar uma passagem de 30 metros no trecho mais seco do rio, o que permitirá o tráfego de veículos enquanto uma nova ponte é construída no local.
Já no local onde desabou a primeira ponte, no rio Curuçá, o órgão federal construiu acessos nas margens do afluente, permitindo o serviço de travessia por balsas já contratadas para operar no local.
Na terça-feira, o Dnit já havia decretado situação de emergência em ambas as pontes para permitir a realização de contratação imediata para reconstrução de novas estruturas que permitam a passagem de veículos. Segundo o órgão, “o anteprojeto de engenharia encontra-se em fase avançada de conclusão”.
Remédios e combustíveis
Durante entrevista no início da semana, o governador Wilson Lima (União) destacou que, além do risco de desabastecimento, há também dificuldade de escoamento da produção rural, de remédios, combustíveis e de falta de energia elétrica.
Na ocasião, o governador informou ainda que estava decretando estado de emergência em três municípios, Careiro da Várzea, Careiro Castanho e Manaquiri.
Este último município tem um porto com saída de embarcações que fazem a rota Manaquiri – Manaus, o que tem permitido levar e trazer produtos, porém, a um custo de R$ 2,5 mil (barco fretado), conforme apurou a reportagem.
Resultado do descasos com a BR-319
Doutor em engenharia de transportes e professor universitário, Augusto César Barreto Rocha afirma que o acidente nas duas pontes da BR-319 revela um “descaso que se traduz nos desabamentos” das estruturas.

(Foto: Arquivo pessoal)
Em reportagem publicada no dia 28 de setembro, quando a primeira ponte desabou, A CRÍTICA revelou que o Dnit identificou danos graves à estrutura da obra 24h antes do acidente. Ainda segundo reportagem do jornal Folha de São Paulo, a autarquia já havia registrado a “situação calamitosa” da ponte em relatório de nove meses atrás.
O especialista explica que a interdição da BR-319 após o acidente “afeta e muito” os municípios e comunidades diretamente ligados à rodovia, “que são abastecidos por essa via”.
Havia risco também de a falta de trafegabilidade da rodovia afetar Manaus, porém, o engenheiro de transportes ressalta que a capital é abastecida, em maior parte, por outros modais.
“No caso de Manaus, as importações vêm por balsas a partir de Belém, ou seja, que viajam da região Sudeste até o Pará, e depois seguem para cá. Além disso, nosso abastecimento também acontece por navios que trazem cargas em containers”, afirma.
Apuração
Em nota para esta reportagem, o Dnit informou que atualmente há dois contratos – um de manutenção de pista e outro de estruturas (ponte) – no local dos desabamentos. “A equipe técnica do DNIT está no local investigando as possíveis causas do incidente”, diz o órgão.
Foto: Gilson Mello
*Acritica.com
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