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Na única via terrestre que liga Manaus a outras regiões do país, a queda de duas pontes na BR-319 tem forçado caminhoneiros a buscarem rotas fluviais mais caras e distantes para escoar mercadorias. Além do problema de logística, três municípios da região têm enfrentado desabastecimento de remédios e alimentos.
Em um intervalo de 10 dias, duas pontes da rodovia federal desabaram a poucos quilômetros uma da outra:
- 28 de setembro – A ponte sobre Rio Curuçá caiu no início da manhã daquele dia, deixando 4 mortos, um desaparecido e 14 feridos.
- 8 de outubro – No fim da noite, a ponte sobre o Rio Autaz Mirim, desabou horas após ser interditada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Antes da queda das duas estruturas, os motoristas que saíam de Manaus precisavam viajar em uma balsa que sai de um porto da Ceasa, na capital amazonense, com destino a um distrito localizado no município de Careiro da Várzea (a poucos quilômetros de Manaus em linha em reta). A viagem dura em torno de 40 minutos.
Agora, com os desabamentos das estruturas, os motoristas se veem obrigados a enviar os caminhões a municípios como Manaquiri e Autazes, em viagens que chegam a durar 8 horas. Nesses locais, é possível se reconectar à BR-319 após o trecho atingido pelas pontes em ruínas.
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Uma das rotas fluviais é seguindo de balsa de Manaus até Manaquiri, trajeto que dura 8 horas. — Foto: Rede Amazônica
Histórico
Criada durante a Ditadura Militar, a BR-319 surgiu com a proposta de integrar o Amazonas ao restante do país, mas sofre há décadas com falta de estrutura para tráfego. Durante a campanha eleitoral de 2018, o presidente Jair Bolsonaro (PL) prometeu asfaltá-la.
Passado mais de três anos e meio desde que Bolsonaro assumiu o cargo, a promessa de asfaltamento da BR-319 ainda não saiu do papel.
Questionado logo após a queda da ponte sobre o Rio Curuçá, o Ministério da Infraestrutura disse ao g1 que a declaração feita em 2019 por Bolsonaro “refere-se ao asfaltamento do lote C da BR-319/AM, que fica a aproximadamente 200 quilômetros do local do incidente [ponte sobre o Rio Curuçá]”, embora o presidente e a pasta não tenham deixado isso claro à época.
“O trecho de 405 quilômetros conhecido como “trecho do meião” recebeu em 28 de julho a licença prévia ambiental para as obras de reconstrução e pavimentação. Emitida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o documento aprova os estudos e viabilidade ambiental das obras. O próximo passo é a licença de instalação, que permitirá a contratação da obra, de acordo com as especificações constantes nos planos, programas e projetos aprovados pelo Ibama”, diz o restante da nota.
Inaugurada em 1976, a BR-319 é conhecida pelos diferentes problemas enfrentados ao longo dos anos. Trafegar pela estrada que liga a capital do Amazonas às outras regiões do Brasil é sempre um desafio para os motoristas.
Grande parte da rodovia segue imprópria para o trânsito de veículos em meio a impasses ambientais e burocráticos. São cerca de 800 quilômetros que separam Manaus de Porto Velho (RO), uma distância que poderia ser percorrida em 12 horas de carro. A recuperação da área está estimada em R$ 1,4 bilhão.
A rodovia possui diversos trechos danificados e não tem pavimentação em quase toda a sua extensão, o que provoca atoleiros “gigantes” no período chuvoso. Já no período de estiagem, os motoristas reclamam de outros problemas: buracos e poeira. Em alguns casos, crateras se abrem em trechos.
Na parte de Manaus, a rodovia já é um desafio logo no início, já que ela começa dentro do Rio Amazonas, numa área próximo ao bairro Distrito Industrial e ao famoso Encontro das Águas dos rios Negro e Solimões.
Para partir do Amazonas em direção a Rondônia pela BR-319, pedestres e moradores se deslocam até um porto chamado “Ceasa”. Desse porto, pedestres entram em embarcações – barcos, lanchas e balsas – e motoristas, incluindo caminhoneiros, embarcam em balsas. É que todos os usuários da estrada precisam atravessar o rio para chegar à faixa de terra do outro lado, onde fica a área da ponte sobre o Rio Curuçá, a primeira que caiu. O trajeto dura, em média, 45 minutos.
*g1 AM
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